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Por Monique Caroline
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Edu Garcia/R7

Pela primeira vez desde que assumiram o comando do Domingo Espetacular, os apresentadores Eduardo Ribeiro e Carolina Ferraz estiveram juntos em uma reportagem completa sobre transplante de órgãos no Brasil. A cobertura, realizada durante três meses, revelou detalhes de tudo o que envolve o processo: captação, cirurgia, importância do tema e os encontros que a doação de órgãos pode proporcionar.

Para Carolina Ferraz, sair do estúdio e contar histórias de pessoas salvas pelo transplante de órgãos foi um marco muito significativo no programa: “Eu acho que ninguém nunca fez isso, né? Juntos nós compartilhamos uma matéria, observamos, analisamos e mostramos para o público os pontos diferentes e complementares de uma mesma situação. Foi muito bacana, foi um grande prazer fazer parte disso”, relata a apresentadora.

Eduardo lembra do dia em que Carol sugeriu que os dois fossem para a rua contar ângulos diferentes de uma mesma história e achou a ideia fascinante. O start para o início do projeto veio do tema, que foi uma sugestão do próprio Edu: “Quando o assunto foi aprovado, a gente começou a produzir e foi extremamente gratificante”, expressa.

Partiu do apresentador organizar como o programa seria estruturado. Carol ficaria responsável pelas duas pontas humanas da história: as famílias que acabaram de perder alguém que amam e estão sendo confrontadas com a ideia de doar os órgãos, e aquelas que lutam para não perder a pessoa que amam e que precisam desse órgão.

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Divulgação/Record TV

Já Eduardo foi responsável pela cobertura da parte médica, começando com os enfermeiros, médicos e auxiliares da OPO (Organização de Procura de Órgãos), responsável pela conscientização das famílias, até os Sistemas Estaduais de Transplantes que funcionam 24 horas por dia atentos a qualquer morte cerebral para notificar os hospitais em caso de um doador que seja compatível com o paciente na fila de espera. E por último, as equipes de extração de órgãos e os profissionais responsáveis pela cirurgia.

A imersão no tema foi completa, e os apresentadores não só mostraram o drama, como o envolvimento nas histórias de vida que o transplante de órgãos pôde salvar: “É muito dramático acompanhar uma pessoa que vive há anos em uma situação limite. Você conversa com alguém que todos os dias acorda e não sabe se vai conseguir dormir, porque talvez aquela pessoa não esteja viva. É uma situação muito diferente de qualquer coisa que eu já tenha experimentado”, declara Carol.

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Reprodução/Record TV

Como mãe, a apresentadora sentiu na pele o drama sofrido por Aline Ribeiro, com o filho Heitor, de 5 anos, que ocupava o 106º lugar na fila do transplante, e conseguiu receber um coração. “Imagina todo o controle, força e fé que essa mãe precisou ter, para finalmente chegar o momento onde o telefone toca e ela recebe a notícia de que o filho vai poder fazer o transplante finalmente”, diz.

É muito dramático acompanhar uma pessoa que vive há anos em uma situação limite. Você conversa com alguém que todos os dias acorda e não sabe se vai conseguir dormir

Carolina Ferraz

Para Eduardo, os 21 anos de reportagem trouxeram a bagagem profissional para estar dentro do centro cirúrgico e acompanhar o procedimento, conversar com médicos, analisar as imagens feitas pelos cinegrafistas e ir de uma sala para outra. Ainda assim, a emoção se fez presente por um desejo antigo de ser médico e por sentir que é parte da família das duas irmãs que renasceram devido a cirurgia realizada com sucesso que ele conseguiu presenciar.

“Elas tinham acordado em jejum com uma série de incertezas. Eu fiz uma visita na enfermaria do hospital, abracei, conheci a história…Então imediatamente é como se fosse alguém da minha família. Eu senti como se fosse alguém muito próximo e aí foi difícil segurar a emoção”, diz sobre a relação que sentiu com Clemilda e Jaide, irmãs que tiveram seus relatos contados no programa.

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Reprodução/Record TV

Segundo Eduardo, a emoção de contar histórias de pessoas transplantadas e a ideia da reportagem estavam bem conectadas com sua vida pessoal, pois o apresentador do Domingo Espetacular também já sentiu esse drama na pele:

“Vou dizer uma coisa que eu não contei pra ninguém. Sou filho de um transplantado. Meu pai pouco antes de morrer passou por um transplante de fígado, então eu fui esse filho de alguém que está na fila esperando a chance. Esperamos por dois, três anos, e não vinha, e não vinha, e de repente… veio. Vocês viram na reportagem uma mãe gritando que havia chegado o coração do seu filho. Eu [também] um dia lá atrás pude gritar ‘chegou o fígado do meu pai’. Infelizmente, por uma infecção hospitalar, o meu pai teve uma complicação e morreu”, revela com exclusividade.

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Arquivo pessoal/Edu Ribeiro

A partir dessa vivência, o jornalista adotou uma certeza: “Por mais doloroso que seja, é importante que a família consiga se colocar no lugar do outro e pensar o que ele gostaria de fazer agora. Eu tenho certeza que se um dia minha esposa precisar decidir o que o Eduardo faria agora, ela iria falar: ‘o que for possível doar, ele gostaria de doar’ ”, enfatiza.

Sou filho de um transplantado. Meu pai pouco antes de morrer passou por um transplante de fígado, então eu fui esse filho de alguém que está na fila esperando a chance

Eduardo Ribeiro

O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial com maior número de transplante de órgãos, perdendo apenas para os Estados Unidos. Segundo dados do Ministério da Saúde, 90% de todos os transplantes realizados em território nacional, são realizados pelo SUS (Sistema único de Saúde). Para Carolina Ferraz, trazer o tema no Domingo Espetacular é necessário para as pessoas se conscientizarem que no caso de morte encefálica, é preciso ser racional em relação à importância da doação de órgãos mesmo em um momento de dor.

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Arte R7

“As pessoas tem que entender que uma única pessoa doadora é capaz de salvar 8 vidas, acho que essa matéria tem um propósito de ilustrar, de educar e de mostrar os dois lados: toda a dificuldade, toda a resiliência que as pessoas que estão nessa situação tem que passar, e alegria, as maravilhas, as possibilidades que se abrem a partir do momento que essas pessoas conseguem o transplante. Elas renascem”, considera.

Para Eduardo, as histórias mostradas refletem a necessidade de continuar o debate sobre a doação de órgãos. “Esse é um programa que fala para todas as idades, para famílias de diferentes gerações. Então, mais do que informar bem as pessoas, nós gostaríamos de perguntar a elas: ‘O que você faria se fosse com você?’”.

O apresentador completa: “Para que ela por um instante possa se antecipar a essa decisão lá na frente e quem sabe quando chegar a hora possa decidir mais racionalmente do que emocionalmente, pois 40% das famílias movidas pela emoção ou por um outro fator, dizem não e se isso mudasse, nós não seríamos o segundo país do mundo que faz mais transplantes, seríamos o primeiro”, finaliza.

No PlayPlus você pode assistir a um especial exclusivo que acompanha de perto a experiência de Eduardo Ribeiro e Carolina Ferraz conhecendo a história de pessoas transformadas pelos transplantes de órgãos. Veja o trailer: 

Assista no PlayPlus ao especial completo: "Transplantes".


Reportagem: Monique Caroline
Arte: Bruna Gabriela Da Cunha Santana
Edição e Coordenação Transmídia: Juliana Lambert
Coordenação Transmídia: Bruno Oliveira
Direção de Conteúdo Digital e Transmídia: Bia Cioffi