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Ari Peixoto, do Jornal da Record

O aumento de ataques a tiros em escolas brasileiras tem preocupado a nossa sociedade. São casos espalhados em várias regiões do país.

Alunos, professores e funcionários que foram mortos por jovens armados. Casos parecidos com massacres em colégios nos Estados Unidos.

Nossa equipe percorreu várias cidades do nosso país e conversou com vítimas que escaparam da morte por muito pouco, professores que foram atingidos quando ensinavam e preparavam estudantes para um futuro melhor.

O lugar para ensinar e onde aprender virou alvo de ataques.

Especialistas afirmam que o maior acesso a armas em casa, o compartilhamento de informações em redes sociais e questões ligadas à saúde mental são os motivos principais para esse tipo de comportamento.

Desde 2019 foram registrados ao menos cinco ataques de ex-alunos que voltaram ao colégio. As ações são parecidas. Eles entram armados e partem para cima de pessoas que encontram pela frente. Inocentes morreram, gente que saiu de casa para estudar ou trabalhar.

Linha do tempo mostra os ataques desde 2019 (Arte R7)

Linha do tempo mostra os ataques desde 2019

Arte R7

Uma Pesquisa Nacional mostrou que crianças e adolescentes voltaram da pandemia mais violentos para a sala de aula de escolas públicas e privadas. Isso foi observado por 80% dos professores entrevistados. Cerca de 5.000 educadores foram ouvidos.

Para combater futuros episódios, é necessário que pais e escolas sejam parceiros nas orientações e nas medidas educativas dentro e fora dos colégios. É preciso estar atento a qualquer sinal estranho em casa, no computador, no comportamento, na turma de amigos e na rotina.

Acompanhem a nossa viagem pelo país, pelos lugares que registraram cenas violentas nos últimos anos. Imagens que ainda estão na memória de muita gente.

Ataque em Aracruz (ES): jovem de 16 anos entra armado e mata 4 pessoas em duas escolas

Imagens mostram o momento em que o atirador chega já invadindo a segunda escola, um centro educacional de ensino privado.

Vestindo um uniforme camuflado, ele chega correndo e com duas armas.

Assim que percebem a movimentação, alunos e funcionários correm.

Ele entra em algumas salas e atira.

No braço, o atirador usa uma faixa com uma suástica, símbolo do nazismo; instantes depois, ele deixa a escola e foge.

O adolescente chega ao colégio particular armado e com o rosto tampado  (Reprodução/Record TV)

O adolescente chega ao colégio particular armado e com o rosto tampado

Reprodução/Record TV

Antes, ele havia atacado uma escola pública na mesma região, a Primo Bitti.
Lá foram mortas as professoras Cybelle Bezerra lara, de 45 anos, e Maria da Penha Pereira, de 48.

Na escola particular foi morta também a tiros a aluna Selena Sagrilo, de 12 anos.

Pouco depois de o atirador invadir as escolas, abrir fogo e fugir, as forças de segurança da cidade e do estado se mobilizaram. O adolescente de 16 anos foi localizado em casa. Ele confessou o crime e disse que uma das armas que usou era do pai, um policial militar.

Nossa equipe conversou com exclusividade com o pai do garoto.

A quarta vítima, a professora Flavia Amoss Merçon Leonardo, de 38 anos, chegou a ficar internada num hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

O ataque às duas escolas em Aracruz deixou também outros doze feridos. A investigação mostrou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual que ele atacou. O jovem foi apreendido e encaminhado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo, em Cariacica, na Grande Vitória. Ele vai responder por ato infracional aos crimes de tentativa de homicídio qualificada por motivo fútil.

O atirador de 16 anos foi apreendido e levado para uma instituição socioeducativa (Reprodução/Record TV)

O atirador de 16 anos foi apreendido e levado para uma instituição socioeducativa

Reprodução/Record TV
Ataque em Barreiras: atirador mata aluna cadeirante em ataque a escola na Bahia

O ataque foi logo depois da entrada dos alunos na escola. O adolescente adentrou o local com um revólver e um facão e atacou colegas.

O adolescente de 14 anos disparou vários tiros, que geraram uma correria no colégio. Veja no vídeo abaixo:

Com o facão, ele atacou Jeane Brito, de 19 anos.

A aluna era cadeirante e, mesmo não sendo o alvo dele, o aluno se aproveitou da dificuldade dela para se movimentar e a atacou.

Jeane era cadeirante e, mesmo não sendo alvo do ataque, acabou sendo atingida (Reprodução/Record TV)

Jeane era cadeirante e, mesmo não sendo alvo do ataque, acabou sendo atingida

Reprodução/Record TV

A situação só se acalmou quando o pai de um dos alunos, que seria policial militar, atirou no jovem.

Segundo o diretor da escola, o menino foi atingido por quatro tiros. Ele foi levado para o hospital, e até hoje se recupera dos ferimentos. Alguns alunos e professores estão recebendo apoio psicológico.

A escola reforçou medidas de segurança, fornecendo rádios aos seguranças. E deve instalar câmeras em vários pontos.

A Polícia Civil continua a investigar o ataque. Mas o delegado do município não quis receber a nossa equipe.

Na pequena cidade do oeste baiano, a Polícia Federal também entrou no caso, porque mesmo em municípios que parecem pacíficos uma rede criminosa usa o alcance da internet para se conectar com os jovens.

Para que se evitem novos casos, o assunto está sendo ainda mais discutido com policiais, funcionários da escola, especialistas em psicologia e com os pais. A família tem um papel importante para monitorar qualquer sinal diferente na rotina desses jovens.

O massacre na escola em Suzano, região metropolitana de São Paulo

Dois ex-alunos invadiram a escola Professor Raul Brasil, tradicional colégio estadual de Suzano, na região metropolitana, e mataram cinco alunos e duas funcionárias, além do tio de um dos atiradores. Isso aconteceu em 13 de março de 2019.

Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 24 anos, passaram antes do atentado em um lava a jato e atiraram no proprietário, que era tio de Guilherme e teria descoberto o plano da dupla.

Depois, seguiram para o colégio.

Guilherme e Luiz Henrique invadiram a escola e atiraram em alunos e professores (Reprodução/Record TV)

Guilherme e Luiz Henrique invadiram a escola e atiraram em alunos e professores

Reprodução/Record TV

Guilherme sacou um revólver e começou a disparar em direção a um grupo de alunos e da coordenadora pedagógica, Marilena Ferreira Umezu, uma das vítimas. Ele estava vestido de preto e usava um lenço com estampa de caveira e uma mochila.

Guilherme estava vestido de preto e usava um lenço com estampa de caveira e uma mochila (Reprodução/Record TV)

Guilherme estava vestido de preto e usava um lenço com estampa de caveira e uma mochila

Reprodução/Record TV

Logo depois, ele se dirigiu ao pátio, aproveitou o intervalo, em que havia mais alunos reunidos, e disparou contra os adolescentes. Na sequência, Luiz Henrique entrou, colocou as armas no chão, pegou a machadinha e golpeou os estudantes que foram atingidos pelo amigo.

José Vitor tinha 18 anos na época. Ele foi antigido com machadadas durante a confusão. O jovem conversou com nossa equipe.

O delegado do caso tem mais de vinte anos em investigações e nunca vai esquecer o que viu.

Nunca vi um cenário daquele tão horroroso

Alexandre Dias, delegado titular da Delegacia de Suzano

A Polícia chegou à escola quando os dois atiradores ainda faziam os disparos em direção aos estudantes. 

Um atirador teria atirado na cabeça do outro. Depois, esse se matou.

O inquérito, que reuniu três delegados, três procuradores e dois juízes, mostrou que os dois garotos queriam imitar ataques a escolas feitos nos Estados Unidos.

Parentes dizem que Guilherme reclamava muito de uma outra situação quando estava no colégio.

Ele falava do bullying que sofria na escola por causa das espinhas em seu rosto.

Bullying, palavra de tradução difícil em português, pode ser definido como um comportamento indesejado e agressivo entre crianças em idade escolar que envolve um desequilíbrio de poder.

Um episódio que causou muitos traumas e dores nas famílias das vítimas e dos atiradores.

Fonte: Secretaria da Educação de São Paulo (Arte R7)

Fonte: Secretaria da Educação de São Paulo

Arte R7

No estado de São Paulo, escolas estaduais registraram, no primeiro trimestre deste ano, mais de 4.000 casos de violência física.

Em 2019, antes da pandemia, no mesmo período, os registros tinham sido de 2.708 casos.

Segundo uma pesquisa nacional feita com 5.000 professores no primeiro semestre de 2022, o número de casos de violência aumentou depois do período da pandemia.

Nossa equipe conversou com a pesquisadora Ana Ligia Scachetti.

Rio de Janeiro: aluno incendeia sala de aula com colegas e professor dentro
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Um estudante de 12 anos pôs fogo em uma sala de aula cheia de alunos em Mesquita, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. O episódio aconteceu no dia 22 de novembro.

Miguel Ângelo levou um galão de gasolina dentro da mochila e pediu para ir ao banheiro. Quando voltou, jogou o produto na entrada da sala. Logo depois, riscou o fósforo.

Para não correr o risco de deixar alguém sair da sala, Miguel fechou a porta. Mas um aluno a chutou, conseguiu abri-la e libertou alguns dos colegas. O estudante que pôs fogo até tentou fugir, mas uma patrulha da guarda municipal conseguiu pegá-lo a poucos metros do colégio.

O Conselho Tutelar foi acionado, assim como a Guarda Civil Municipal.

O caso está sendo apurado pela Secretaria Municipal de Educação, para avaliar as providências que vão ser adotadas.

Foi instaurado um auto de infração, e o adolescente infrator responderá pelo crime de tentativa de homicídio. A investigação está em andamento.

Massacre nos EUA: 17 pessoas morreram em escola em Parkland, na Flórida
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Um dos atentados mais violentos cometidos a escolas. Foram 17 mortos, a maioria estudantes adolescentes.

Um dos dias mais festejados nos Estados Unidos é o dia 14 de fevereiro, o Valentines Day, que é o dia dos namorados para os americanos.
Mas em 2018, em Parkland na Flórida, a data foi marcada pela extrema brutalidade.

Nycolas Cruz de 19 anos, um ex-aluno, entrou na escola de ensino médio Marjory Stone Douglas e atirou em 34 pessoas.

O assassino foi preso uma hora depois, em outra cidade. Ele se passou por estudante para fugir do colégio.

Uma das sobreviventes do massacre é a Kemily Santos, uma brasileira que frequentava a escola.

Nosso correspondente, Vandrey Pereira, conversou com ela. Acompanhe aqui:

Acompanhe também as histórias, entrevistas emocionantes e imagens exclusivas  nas reportagens da Série Especial do Jornal da Record. Separamos os episódios para vocês. 

E aproveite para ouvir o Podcast JR 15 MINUTOS com um bate-papo do apresentador Celso Freitas e do repórter Ari Peixoto com a conselheira Quezia Bombonatto, da Associação Brasileira de Psicopedagogia.


FICHA TÉCNICA 

Diretor Editorial e Projetos Especiais 
Thiago Contreira 

Chefe de Redação 
Patrícia Rodrigues  

Editora – executiva 
Camila Moraes

Coordenadora de pauta:
Rosana Teixeira

Edição das reportagens:
Alfredo Feierabend

Produção:
Amanda Binato 
Gabriela Coelho

Imagens:
Neder Perego 
Thiago Oliveira 

Auxiliar:
Vagner Serafim
José Borges

Equipe do Estúdio
Cinegrafista :Oswaldo Santos
Auxiliar: Thiago Vettorato 

Edição de imagens dos vídeos do R7 estúdio:
Luciano Lima

Arte R7: Bruna Santana

Edição dos vídeos do R7 Estúdio:
Cloris Akonteh