A cena chocante surpreendia até os policiais mais experientes: corpos de meninos sem roupa, encontrados em estado avançado de decomposição. As vítimas tinham sinais de tortura, algumas com dedos ou mamilos decepados. E todas carregavam uma marca assustadora: os órgãos genitais removidos. Emasculados, em linguagem técnica. Os meninos emasculados do Maranhão.
Durante doze anos, garotos de 8 a 15 anos encontraram esse trágico fim em diversos pontos da ilha de São Luís do Maranhão. Crianças pobres, que viviam em áreas de periferia e desapareciam sem deixar vestígios. Até os corpos - ou ossadas - serem encontrados, geralmente em áreas isoladas de mata.
Os crimes tinham uma assinatura: a emasculação. E estavam contidos em uma área bem específica – a ilha de São Luís. Duas características que, desde o século 19, a crônica policial aponta como fortes indícios da ação de um matador em série, um serial killer.
O primeiro caso da série de assassinatos foi o de Jodelvanes de Macedo Escócio, em setembro de 1991. O menino de 10 anos de idade saiu de casa na cidade de Paço do Lumiar, na região metropolitana de São Luís, para vender sucos em um campo de futebol. Nunca mais foi visto.
Já o último caso de que se tem registro é o de Jonnathan Silva Viera, de 15 anos, em dezembro de 2003. Antes de sumir, o garoto contou para a mãe que iria pegar juçara, fruta parecida com açaí, na mata a convite de um homem. A ossada de Jonnathan foi achada 40 dias depois.
Sebastião Uchoa, delegado do caso, diz que quando assumiu as investigações ninguém fazia ideia de que o autor das mortes poderia ser um serial killer.
Por pelo menos 10 anos, a polícia maranhense parecia não estranhar as coincidências que conectavam tantos casos, como a mutilação genital, o fato de as vítimas serem sempre meninos pobres e mortos com uso de arma branca, com lesões na cabeça e pescoço.
A cobertura midiática local rendia alguma visibilidade aos desaparecimentos e assassinatos, mas as mortes caíam logo no esquecimento. E sem solução.
Somente 10 anos após o primeiro assassinato e uma busca sem fim dos familiares das vítimas, finalmente alguém ligou os pontos. E aí a história dos meninos emasculados do Maranhão deixou de ser exclusiva das páginas policiais. Se tornou uma espinhosa questão política, com repercussões dentro e fora do Brasil.
Foi em 2001 que duas organizações não governamentais entenderam que as mortes e emasculações em São Luís se tratavam de uma grave violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Violações que persistiam por causa da ineficiência e omissão de autoridades locais. Uma responsabilidade que recairia, em última instância, sobre o Estado brasileiro.
Essas organizações denunciavam: o que acontecia em São Luís seria uma prova de que o Brasil descumpria compromissos internacionais na área de direitos da infância e da juventude. Algo grave, que deveria ser tratado em foro adequado: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, um órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos.
O Centro de Defesa Padre Marcos Passerini e o Centro de Justiça Global reuniram três casos de emasculação e assassinato ocorridos nos anos 1990 e que não haviam tido solução. Juntaram evidências de que os crimes poderiam ter ligação e, além disso, de que as autoridades da época não se aprofundaram nas investigações. Diante disso, apresentaram uma denúncia na comissão responsabilizando o Estado pela não apuração das mortes.
“A Comissão Interamericana entendeu que era um caso de grave violação de direitos humanos, atingindo crianças e adolescentes do Maranhão e então ela deu início ao trâmite de uma ação contenciosa contra o Brasil”, conta Sandra Carvalho, coordenadora geral da Justiça global.
Foi uma iniciativa emblemática. Do dia para a noite, não eram “apenas” mulheres pobres pedindo ajuda na porta de delegacias para que a polícia elucidasse a morte de seus filhos.
Maria Idalba tem 61 anos e é a mãe de Hermógenes
Record TVHavia uma organização internacional pressionando para que encontrassem uma resposta. E os crimes ganharam repercussão na imprensa do Brasil e do exterior. “Como esse tipo de crime atingia garotos de periferia, muitos deles negros, não houve um interesse por parte do Estado em realizar uma investigação adequada. Somente depois do envio do caso ao sistema interamericano, é que uma força tarefa, com a participação da Polícia Federal, foi designada”, lembra Sandra.
Só que mesmo com esse impulso, as mortes continuariam por pelo menos dois anos até o assassino ser encontrado. Um mecânico de bicicletas que vivia em uma casa de chão batido e enganou a polícia do Maranhão por mais de uma década.
Francisco das Chagas fingia ajudar as famílias dos meninos que tinha acabado de matar
Arquivo pessoalFrancisco das Chagas Rodrigues de Brito nasceu em Caxias, no Maranhão, em 1964, em uma família pobre. Na infância, foi levado pela avó junto com quatro irmãos para viver na cidade de Altamira, no Pará. Lá, estudou até o quarto ano do Ensino Fundamental e trabalhava desde a infância. Vendia bolos e bananas para ajudar a família.
Entre 1991 e 1994 viveu entre Altamira e a cidade de São Luís. Foi na capital maranhense que ele se casou. Teve duas filhas. Em 1998, se separou.
Chagas teve diversas profissões, viveu de bicos e, quando finalmente foi preso em dezembro de 2003, era mecânico de bicicletas. Nessa época, morava sozinho em um casebre no bairro Jardim Tropical I, em São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís.
A casa onde o mecânico vivia foi usada para esconder corpos
Polícia Civil do MaranhãoEra conhecido como um homem solitário e pobre. Mas tinha a fama de bom vizinho. O delegado do caso conta que os moradores do bairro se revoltaram quando Chagas foi preso. “Quando fomos lá fazer a prisão dele, o pessoal dizia: ‘Isso é um absurdo, o Chagas é gente boa, homem bom’. A população quis me linchar. Tive que pegar a arma e atirar para cima para o pessoal se afastar e fui embora”, conta Sebastião Uchoa.
Logo descobriu-se que o aparentemente pacato Chagas era um homem astuto. “Chagas é inteligentíssimo. Ele responde as coisas para você e, se você deixar, você é induzido por ele”, relembra o delegado.
Márcio Thadeu Silva Marques é um dos promotores de justiça que participaram do caso. Ele diz que se surpreendeu com a frieza do assassino. “Uma premeditação, uma frieza moral enorme e uma não-empatia absoluta com a situação das vítimas. A maioria dos casos era de meninos que eram seus vizinhos de bairro, ou seja, ele conhecia as famílias, conhecia as rotinas e se aproveitava desse conhecimento para fazer com que esses crimes pudessem ficar não desvendados durante muito tempo ”, diz.
Francisco das Chagas fazia questão de parecer alguém preocupado com os sumiços de crianças no bairro onde vivia. Se prontificava, por exemplo, a participar das buscas pelos meninos desaparecidos. Antônio Batista dos Santos é pai de Hermógenes, uma das vítimas. Ele conta que o assassino foi até a casa dele. “Ninguém desconfiava daquele homem. Ninguém! Ele chegava na minha casa, tomava café na minha casa depois que matou o meu filho. Ele [me] convidava: ‘Vamos procurar o teu filho’.”
Com o crescimento da repercussão dos casos e após a denúncia na Corte Interamericana, que rendeu uma força tarefa policial, Chagas foi se tornando mais empenhado em manter seu disfarce de bom vizinho. O esforço era tanto que o mecânico tinha uma proximidade assombrosa com as investigações.
“Ele montava equipes de homens para procurar o garoto no mato – e o garoto enterrado dentro da casa dele. Ele participou da reprodução como figurante, representando o pai da vítima na cena do crime”, conta Wilton Carlos Ribeiro, que trabalhou como perito no caso.
A sorte de Chagas começa a mudar no dia 6 de dezembro de 2003, quando ele convence o garoto Jonnathan Silva Viera a ir com ele buscar juçara no meio do mato. Antes de seguir com Chagas e desaparecer, o garoto avisou a irmã com quem iria.
Jonnathan, 15 anos, foi a última vítima do serial killer
Arquivo pessoalSeis dias depois, Chagas estava preso, suspeito pelo sumiço do garoto. Mas ainda não havia confirmação da morte. Uma ossada foi encontrada em 16 de janeiro de 2004 e um exame de DNA comprovou que os restos mortais eram de Jonnathan.
No local, Wilton encontrou uma camiseta amarela cortada. Ele se lembrou que havia visto uma peça semelhante, cortada do mesmo jeito, em uma cena de crime no ano 2000. Wilton pesquisou nos arquivos e achou mais um caso com os mesmos elementos em 2002. Não era coincidência e sim a conexão entre três crimes que pareciam não ter relação entre si. Em comum, Francisco das Chagas.
As camisetas cortadas ajudaram a polícia a desvendar os crimes
Arte R7/Polícia Civil do MaranhãoUm outro levantamento feito por Wilton foi fundamental para a elucidação do caso. Ele começou a registrar com um GPS os locais dos assassinatos dos meninos. No início dos anos 2000, essa prática não era usual. Em pouco tempo, Wilton conseguiu um mapa preciso dos crimes.
A morte de Jonnathan claramente não era a primeira de Chagas. O levantamento feito por GPS pelo perito mostrava que os corpos apareciam sempre perto da residência e do trabalho do mecânico.
Em março de 2004, finalmente a polícia vasculha a casa de Chagas. O resultado é assustador: são achados pedaços de pele e cartilagem humanas no chão de terra batida. Em um canto da casa, o solo parecia ter sido revirado. A polícia decide fazer uma escavação.
“Quando começamos a escavar, encontramos um corpo que estava seccionado em duas partes: as pernas amarradas com arame. Tela de arame. E a outra parte, cabeça e tronco”, relembra Wilton. “Era uma vítima que nós não tínhamos conhecimento de que estava desaparecida. Se chamava Emanuel Diego”.
A vítima mais jovem convivia quase diariamente com o serial killer
Arquivo pessoalNo mesmo dia, mais um corpo foi achado. Era o de Daniel, filho de Mônica Aparecida Ferreira. Chagas teve um relacionamento com a cunhada dela. “O Chagas eu conhecia porque ele frequentava muito a minha casa. Todos os dias ele ia na minha casa. E aí, às vezes, ele almoçava conosco. Almoçava, tomava café e ficava por lá. Conversava e depois ia embora”, revela Mônica. A proximidade com a vítima pode ter feito Chagas matar o garoto de apenas 4 anos, sua única vítima fora da faixa entre 8 e 15 anos.
Com a revelação de dois corpos em sua residência, Chagas não tinha mais como negar os crimes. E decidiu assumir não apenas esses, mas outros assassinatos. Contou à polícia que matou pelo menos 28 meninos em São Luís entre 1991 e 2003. Indicou onde estavam alguns corpos ainda não encontrados. Mas não apontou onde estavam outros e muitas mães nunca puderam localizar os filhos. Em um depoimento gravado por policias em vídeo, revelou detalhes das mortes.
O assassino foi submetido a exames psicológicos. Para Carlos Leal, psicólogo responsável por emitir um laudo sobre Chagas, ele é um psicopata. “A consciência moral dessa pessoa é muito prejudicada. O outro com a sua história, o outro com a sua vida, o outro com a sua necessidade de existir... Ele some. O que importa é o que eu quero viver, o prazer que eu quero ter”, explica o psicólogo.
A fixação por garotos ficou evidente nas conversas e sua “assinatura” nos crimes foi alvo de uma investigação mais minuciosa. Muito da mente de Chagas foi revelado, mas outras coisas permanecem um mistério até hoje. Por que ele cortava as camisetas das crianças? Ele abusava sexualmente das vítimas?
Estúdio R7 - A mente do assassino
Arte R7Francisco das Chagas foi condenado pelo assassinato e emasculação de 28 meninos a 580 anos e 10 meses de prisão. Ele cumpre a sentença na penitenciária regional de São Luís. Pelo menos dois assassinatos que poderiam ser atribuídos a Chagas não entraram nessa conta, já que ninguém deu queixa dessas crianças e não se sabe quem elas são.
A prisão do matador encerrou um ciclo de violência e dor para muitas famílias. Também ajudou o Brasil a se livrar de uma punição na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Só que não pôs fim às polêmicas.
Altamira, no Pará, foi a casa de Chagas na infância e alguns períodos nos anos 1990. Lá também foram registrados casos de meninos mortos e emasculados, só que a justiça paraense entendeu que os assassinatos faziam parte de rituais, que seriam cometidos por integrantes de uma seita. As condenações aconteceram meses antes de Chagas ser preso no Maranhão. Em depoimento à polícia, ele também confessou crimes na região de Altamira. Seriam, portanto, no total, 42 vítimas nos dois estados.
Para a Justiça, os crimes de Altamira não estão na conta de Chagas. Até hoje duas pessoas estão presas pelo assassinato de seis meninos e a emasculação de dois. Um condenado já morreu na prisão e outro está foragido. Seriam todos, de acordo com a sentença, membros da tal seita.
Para elas, a dor de perder o filho é uma lembrança diária. Uma mutilação para toda a vida. “Eu digo que hoje eu vivo só metade de mim” diz Mônica Regina Ferreira, mãe de Daniel, a vítima mais jovem de Francisco das Chagas.
Muitas mães não tiveram sequer a chance de enterrar os filhos. Grande parte passou anos sem ter uma resposta das autoridades sobre o que tinha acontecido. “Nós íamos para a delegacia fazer um B.O. dos nossos filhos, eles não acreditavam. Eles falavam na delegacia que nossos filhos estavam por aí, usando droga”, revela Mônica.
São 28 mães. Vinte e oito maneiras de lidar com o luto e uma perda para a qual ninguém está preparado. O sentimento de revolta é presente. A indignação, também.
Em dezembro 2005, a ação contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi encerrada de forma amistosa. Isso só aconteceu porque o país reconheceu responsabilidade nos casos e estabeleceu uma série de compromissos. As medidas que o Brasil se comprometeu a cumprir eram várias: a punição de Chagas, indenizações aos familiares e as chamadas medidas de não repetição, como o treinamento de policiais e programas de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.
Para que o acordo fosse celebrado, o governo do Maranhão na época teve que registrar que “reconhece a insuficiência de resultados positivos de anteriores linhas de investigação em comparação com o atual estado de apuração, admitindo equívocos e dificuldades na necessária solução imediata dos casos”, conforme consta no acordo de solução amistosa.
Na prática, as mães passaram a receber uma pensão mensal, que hoje se tornou vitalícia, de um salário mínimo. E ganharam uma nova casa do governo estadual. Todas no mesmo bairro. O local ganhou o nome de Vila das Mães.
Hoje, das 28 mães contempladas com casas, menos de 10 vivem no local. A convivência com outras mães que perderam os filhos em circunstâncias semelhantes trazia conforto, mas para muitas reforçava o trauma. “Quando a gente olha uma para outra, a gente sabe por que estamos morando no mesmo local”, conta Rita de Cássia, mãe de Jonnathan, morto por Francisco das Chagas aos 15 anos de idade.
Ela lembra que, desde que o imóvel foi entregue, havia problemas. “Tu olhava por fora a estrutura, tu achava que era boa, mas era péssima”, relembra. Rita diz que a má condição dos imóveis também pode ser um motivo para muitas mães terem optado por deixar a Vila. Hoje, ela reclama da presença de cupins e de problemas como goteiras e vazamentos.
Rita conta que ainda sofre preconceito dos vizinhos. “Quando olham, dizem assim: ‘A senhora não é a mãe dos meninos?’ É assim. Foi tachado. Tá carimbado”, desabafa.
Desafiando o estigma que carregam, quatros mães de vítimas de Chagas aceitaram gravar em vídeo como se sentem sobre o que viveram.
Maria é mãe de Bernardo, um menino de 13 anos que desapareceu em 1992. Ela nunca viu o corpo do filho. O garoto vendia palmito para ajudar em casa e desapareceu perto de um açude. No começo, a mãe chegou a pensar que o filho havia fugido, mas logo se convenceu de que havia acontecido algo pior. Só viu o caso ser esclarecido 11 anos depois.
Ela diz que hoje sofre com problemas de memória e que a imagem que tem do filho está se apagando. Maria não tem nenhuma foto do garoto. “Lembro um pouco do cabelo, que era bem lourinho. O rosto, assim, já apagou da memória. Tem muita coisa que a minha memória não tá conseguindo mais”, conta.
Maria Idalba tem 61 anos e é a mãe de Hermógenes, um garoto de 11 anos que herdou o nome do avô. Ele foi morto por Francisco das Chagas em setembro de 2000. O corpo foi encontrado dois meses depois. Maria Idalba e o marido foram testemunhas da frieza de Chagas, visto acendendo uma vela no local em que o corpo de outro garoto do mesmo bairro havia sido achado. Os pais ainda ouviram do assassino que ele ajudaria nas buscas.
A mãe conta que depois de um tempo começou a desconfiar de Chagas e perguntou: “Tu não sabe de nadinha que tá acontecendo, que os meninos ‘tá’ desaparecendo? Tu não tá envolvido nisso?”. Teria, então, ouvido do assassino: “A senhora é louca, é louca”. Aos 61 anos, ela tem apenas uma foto do filho, já bastante desbotada.
Mônica tem 44 anos e é a mãe da vítima mais jovem de Francisco das Chagas. Daniel, de apenas 4 anos, foi tirado da cama pelo assassino quando dormia. “Você imagina você ter seu filho arrancado... O seu filho morto por alguém que deveria cuidar, por alguém que ele chamava de tio”, desabafa.
Ainda na gravidez ela conta que estranhava alguns comportamentos de Chagas. “Ficava admirando a minha barriga de uma forma estranha. E eu senti aquilo”, lembra ela.
Meses antes do crime, Mônica diz que viveu um episódio que a deixou desconfiada. “Uma vez, eu estava na minha cozinha e a minha criança estava brincando na área [de serviço]. E eu ouvi um grito da criança. E quando eu saí para olhar, quem estava perto era ele.”
Rita de Cássia foi a última mãe a perder um filho assassinado por Chagas. Por causa do crime contra Jonnathan, que na época tinha 15 anos, o matador foi pego pela polícia. “A minha vida agora é só tristeza. Não é mais nada”, diz Rita.
Sobre a indenização paga para as mães das vítimas, ela diz: “Esse trocado não preenche o vazio do meu filho. Eu não queria nada disso. Eu queria o meu filho". Rita e 27 mães trocariam tudo para ter seus filhos de volta.
Estúdio R7 - vítimas do serial killer
Arte R7Reportagem: Aldrich Kanashiro, Giulia Gazetta e Marcus Reis
Edição de vídeo: Miguel Wesley
Sonorização: Daniel Ferreira
Imagens: José Straceri, Leopoldo Moraes, Leonardo Medeiros
Arte: Sabrina Oliveira
Chefia de reportagem: Mateus Munin e Renata Garofano
Editor executivo: Marcelo Magalhães
Editora-chefe: Cristiane Massuyama
Projetos especiais: Gustavo Costa
Chefe de redação: Pablo Toledo