O rapaz bronzeado, nascido no Rio de Janeiro, estampou capas de revistas e editoriais de moda, desfilou para grifes da alta-costura e morou nas mais badaladas cidades do circuito fashion: Paris, Milão e Nova York. Mas abriu mão de todo o glamour para levar uma vida sossegada no litoral do Brasil. Atualmente, Paulo Zulu é dono de uma pousada na cidade de Palhoça, em Santa Catarina, a cerca de 40 quilômetros da capital, Florianópolis.
"Depois que eu deixei de ser modelo, morei um ano e meio em São Paulo. Aí, eu pirei. Eu falei: 'Não, não, não. Cidade, para mim, não dá'. Aí, eu vim para cá de vez em 1997. Esse contato com a natureza é uma das coisas principais para o ser humano entender que ele faz parte disso tudo. Ele não é o ser dominador do planeta. Na verdade, ele é um ser que faz parte do planeta como todos os outros seres", reflete.
Para chegar até a pousada, a reportagem da Record TV atravessou ruas de terra batida. Um lugar tranquilo e pertinho do mar. Rodeado de muito verde, Zulu faz aquilo de que mais gosta: surfa, pesca e cuida dos três filhos. Ele vive com os adolescentes Patrick, 19 anos, e Dereck, 17 anos, frutos do primeiro casamento com a modelo Cassiana Mallmann, e também com o mais novo integrante da família: Kiron, de apenas 5 meses.
Kiron é filho de Zulu com a namorada Elaine, 24 anos mais jovem. Juntos desde 2016, a prioridade do casal era viajar e curtir lugares paradisíacos. Sempre ao ar livre, em contato com a natureza.
Ter filhos não fazia parte dos planos. Mas a vida surpreendeu os dois. Elaine conta que descobriu a gravidez com quase três meses de gestação.
"Ele [Zulu] estava na Indonésia. Antes de ele viajar, eu estava passando um pouquinho mal, mas acabei achando que eram outras coisas. Fiz vários exames, menos o de gravidez. Quando ele viajou, fiz ultrassom abdominal para ver todos os órgãos e aí apareceu esse serzinho aqui", relembra.
Casal comemora a chegada de Kiron ainda no hospital
Montagem/Reprodução/InstagramCom os filhos do primeiro casamento praticamente criados, Zulu passava parte do ano viajando em busca de lugares para surfar. E foi do outro lado do mundo, por uma chamada de vídeo, que ele recebeu a notícia de que seria pai novamente.
"Quando a Elaine me falou, fiquei dois dias com a cabeça transformada. 'Meu Deus, começar tudo de novo o que passei com eles? O que eu vou fazer?' Aí eu falei: 'Quer saber? Vou dar muito amor a esse cara. Vou tentar trazer ele para esse mundo. Para esse lifestyle de surfista, de pescador, de lutador. Vou tentar'", explica.
Com o recém-nascido, Zulu vive o conflito de gerações em casa
Reprodução/Record TVA casa da família representa o verdadeiro encontro de diferentes gerações. Apesar do esforço em manter a "good vibe" do ambiente, Zulu confessa: "Existe muito... muito conflito de diferentes visões porque eu tenho uma de uma geração e de um tempo de vida nas costas [diferente da visão dos filhos]."
Provavelmente você já ouviu falar em termos como: Geração X, Millenials, Baby Boomers...
Conversamos com o professor e doutor em sociologia Rogério Baptistini para entender como esses grupos são definidos pelos pesquisadores:
"O ser humano sofre transformações que são colocadas pelo meio, mas sobretudo pelo grau de produção social, pelas inovações tecnológicas, pelo ritmo dessas mudanças e como são incorporadas ao cotidiano."
As gerações são definidas — e divididas a cada duas décadas, aproximadamente — sempre a partir de fatos históricos que marcaram e mudaram os rumos da sociedade.
No gráfico abaixo juntamos duas famílias, a de Paulo Zulu e a de Ana Paula (história que você vai conhecer logo abaixo), para explicar um pouco as características de cada geração no útimo século:
E aí, onde você se encaixa?
Aos 58 anos, Zulu foge de alguns padrões dos baby boomers. E não é só pelo corpo sarado mantido com surfe, aulas de jiu-jítsu e alimentação balanceada. Até no jeito de falar Zulu esbanja uma energia que muitos, até mais jovens que ele, não têm.
Zulu com o pequeno Kiron
Reprodução/Record TVA preocupação em ter uma vida mais saudável começou cedo, bem antes de ele virar modelo. Uma característica marcante da geração que viveu os anos 80 era cuidar do corpo e da saúde. Ainda mais nas praias do Rio, onde Paulo Zulu cresceu.
"Eu era viciado em carne e gordura da carne. Fritura, gordura... É aquela coisa. É bom? É bom! Mas aos 18 anos comecei a ver que, se eu continuasse naquela direção, isso iria me causar problemas no futuro. Então comecei a me projetar para o futuro."
"Muita gente fala assim: 'Ah, você se cuida. Você é vaidoso'. Eu falo: 'Gente, eu não tenho vaidade, fisicamente falando'. Como eu cuido muito da minha saúde, o reflexo é externo, automaticamente. Se você está bem por dentro, se você está praticando esporte, se alimentando bem, dormindo bem... automaticamente a pele fica boa e o olhar fica tranquilo."
E energia é o que o pai do Kiron mais precisa neste momento para reviver, mais uma vez, o importante papel da paternidade.
A relações-públicas Ana Paula Prado, 50 anos, faz parte da Geração X, que encontrou no trabalho a realização profissional e pessoal.
Segundo o doutor em sociologia Rogério Baptistini, "é uma geração menos otimista e mais cética, porque conheceu a crise do petróleo, o auge da Guerra Fria e, no Brasil, a ditadura militar".
Mesmo com uma carreira muito bem-sucedida, que permitiu a ela visitar quase todos os estados brasileiros, a relações-públicas foge um pouco do perfil autossuficiente de sua geração — ela nunca pensou em morar sozinha.
Ela ainda mora com a mãe, Dona Nilza, que tem 83 anos e faz parte da Geração Silenciosa.
Para o coordenador da Força Jovem Universal, Celso Júnior, não existe idade certa para deixar a casa dos pais. Os costumes mudam pelo mundo. Ele cita, como exemplo, a Suécia, onde os jovens têm o hábito de viver sozinhos assim que completam 18 anos. Já em países como a Grécia e a África, é comum pessoas com mais de 30 anos ainda morarem com os pais. Manter as bases familiares e não deixar de pensar em formar uma família estruturada é o mais importante.
"Eu creio que para o jovem sair de casa ele tem que ter uma estrutura. Normalmente isso acontece quando ele vai para uma faculdade, vai ter que morar longe... ou quando ele já tem condições de se sustentar. Mesmo aqueles que moram com os pais têm que ter responsabilidades também dentro da casa."
Nós visitamos as duas em São Paulo para entender os motivos que fizeram Ana Paula continuar "no ninho".
Reportagem: Aline Bertoli, Juliana Camargo, Laura Ferla, Marcus Reis, Raphael Mendonça e Rogério Guimarães
Fotos: Arquivo pessoal, redes sociais e Record TV
Coordenação: Cristiane Massuyama
Chefe de Redação: Pablo Toledo