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Marcos Rogério Lopes, do R7
Chácara do Carvalho em 1910, local que deu origem ao bairro da Barra Funda (Arquivo / Estadão Conteúdo 01/01/1910)

Chácara do Carvalho em 1910, local que deu origem ao bairro da Barra Funda

Arquivo / Estadão Conteúdo 01/01/1910

No início do século passado, há cem anos, a Prefeitura de São Paulo decidiu criar um torneio de futebol para comemorar o centenário da Independência do Brasil, de 1822. Acabou não apenas premiando o melhor time da competição, o São Geraldo, da Barra Funda, mas contribuindo para fortalecer o movimento contra o racismo no país.

O time da Associação Athletica São Geraldo era formado por atletas que não tinham espaço em clubes tradicionais, que só aceitavam brancos. Os dirigentes acreditavam naqueles anos, quase quatro décadas antes do surgimento de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, que os negros não tinham capacidade técnica e seriedade suficientes. 

Fundado em 1917, o clube jamais teve sede em terreno próprio nos seus mais de 30 anos de existência. Era uma agremiação simples, com dificuldade para pagar as contas. Acredita-se, com base nos raros documentos e matérias da época que ajudam a contar sua história, que ele se mantinha graças à venda de ingressos para "bailes dançantes", ajudas esporádicas e mensalidades pagas pelos associados.

Nos anos 30, um de seus sócios, Hugo Vezzani, tentou alugar um terreno público para o São Geraldo na rua Voluntários da Pátria, em Santana. Pediu autorização à Prefeitura, mas não conseguiu efetivar o negócio.

O documento encontrado na Arquivo Histórico Municipal não dá mais detalhes do processo 05736/33, mas deduz-se que havia se tornado inviável pagar as mensalidades de lotes particulares, cada vez mais caros na região central de uma cidade que não parava de crescer.

Em sua reta final, por duas vezes o Correio Paulistano noticia jogos pela Sub-Liga de Esportes Marechal Deodoro, ambas em 1941. No segundo, contra o 8 de Maio, o São Geraldo, sem explicação no jornal, foi desclassificado do torneio.

A última vez que seu nome aparece ocorre em 1948, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, quando o clube registra um pedido para usar o ginásio do Pacaembu para um baile no dia 3 de abril daquele ano, que não se sabe se ocorreu.

Última aparição: pedido de uso do ginásio do Pacaembu para um balie (Reprodução/Diário Oficial do Estado de São Paulo)

Última aparição: pedido de uso do ginásio do Pacaembu para um balie

Reprodução/Diário Oficial do Estado de São Paulo

Se não fosse a conquista do torneio do Centenário, exaltada pela imprensa ativista negra, quase nada se saberia da saga são-geraldina.

A edição de A Voz da Raça de 28 de abril de 1934 traz o relato de um dos diretores do São Geraldo, Deocleciano Nascimento, sobre como foi a vitória na final da competição, contra o Flor do Belém, escalado por brancos do goleiro ao ponta-esquerda. Apesar de estar em disputa o torneio de 1922, a final se deu em 1º de abril de 1923.

O dirigente informa que, no dia anterior, o time "sangeraldense" estava virado, "pois, na véspera, sábado de aleluia, os jogadores tinham passado a noite em claro".

"E assim foi que no jogo, os jovens pretos, cansados, em consequencia da noite perdida anteriormente, produziram pouco ou quase nada no primeiro tempo. O adversário estava com dois pontos [gols] e os seus torcedores já o aclamavam como campeão. Mas, como diz o provérbio 'ri melhor quem ri por útimo', no segundo tempo, diante da formidável pressão dos negros, o Flor tivera de ceder, indiscutivelmente, os pontos conquistados e mais um", narrou o diretor, que ainda continuou. eufórico:

"Oh, meu Deus! Que alegria, quando descrevo estas linhas sinto em mim tamanha emoção, parece-me que estou ouvindo os gritos de 'entra', 'centra', 'não durma', 'é sua!'. E depois aquela vozeria que se elevara demoradamente nos ares: goool, goool! E, em triunfo, os onze saírem carregados do campo, levando para o S. Geraldo o cetro de campeão municipal do Centenário."

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Arte/R7

Oficialmente, segundo a publicação 125 Anos, Enciclopédia do Futebol, a agremiação disputou 13 campeonatos municipais, de 1920 a 1933, com exceção de 1931. Além da taça de 1922, levou, em 1929, invicta e tomando apenas um gol, a taça da divisao intermediária da LAF (Liga de Amadores de Futebol).

Em 1930, de volta à Apea, venceu novamente a divisão municipal da liga. 

Sem competições, a busca por adversários (Reprodução/Correio Paulistano 30/11/1936)

Sem competições, a busca por adversários

Reprodução/Correio Paulistano 30/11/1936

A partir de 1933, só restou aos dirigentes procurarem adversários para jogos amistosos – são inúmeros os anúncios publicados nos jornais desse período com esse objetivo – e a disputa de pequenos torneios com outros times negros. 

Teria saído do São Geraldo o bloco de Carnaval Geraldinos, uma forma encontrada pelos admnistradores do clube de garantir a união do grupo mesmo depois de o futebol se mostrar inviável.

Unidos contra o preconceito
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Contemporânea da ascensão do nazismo na Alemanha e de teorias racistas pelo mundo, o sucesso da A.A.S.G., como a agremiação aparece em várias notícias, serviu como uma resposta ao preconceito. Paralelamente a isso, no entanto, o local era uma opção de lazer aos moradores da Barra Funda, bairro que unia negros e imigrantes europeus pobres que tiravam o sustento de atividades ligadas à linha de trem da região.

Chegavam à Barra Funda café, banana, abacaxi e outros produtos do interior de São Paulo que tinham como destino final a capital paulista. Descendentes de africanos ou mesmo ex-escravos poucos anos após a Abolição da Escravatura, de 1888, encontravam emprego e moradias em cortiços e casas simples construídas por ali.

Como a discriminação os excluía das opções culturais e esportivas espalhadas pela cidade de menos de 600 mil habitantes na primeira década de 1900, a criação de organizações próprias para os negros buscava aliviar a vida de muito sofrimento e trabalho e servia para fortalecer a defesa da igualdade entre as raças.

Na obra A História do Futebol no Brasil, lançada em 1950, o jornalista italiano Thomaz Mazzoni escreveu que os dirigentes esportivos da época "acreditavam na inferioridade congênita do jogador 'de cor', inadaptável à técnica e à ciência do futebol clássico”.

Na Barra Funda, que assim como na Liberadade ou no Bexiga, tinha muitos afrodescendentes, surgiram não só o São Geraldo e outras equipes de futebol voltadas para atletas negros, mas também blocos de Carnaval importantes para a história da manifestação cultural que começava a ganhar força no município. É do mesmo bairro a escola de samba Camisa Verde e Branco, criada a partir do Grupo Barra Funda, de 1914. 

Cruzando os nomes citados na época, percebe-se que as mesmas pessoas estavam por trás de clubes esportivos, jornais e grupos responsáveis pelo início do Carnaval paulista.

O antropólogo José Carlos Gomes da Silva explica que os negros de classes superiores tinham acesso, investiam e escreviam em periódicos como A Voz da Raça, Evolução e O Clarim da Alvorada. Vários jornalistas de veículos tradicionais trabalhavam também nessas publicações, observa.

"Essa elite negra fez um discurso mais incisivo contra a discriminação. "Racismo, só nós podemos sentir", diziam. "Eles tinham consciência e usavam as páginas impressas para denunciar abusos e aumentar a autoestima da raça."

A pesquisadora Renata Monteiro Siqueira, arquiteta e doutora pela Fau-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), cita que, após a abolição, os negros começaram a se organizar em sociedades de todos os tipos: grupos dançantes, esportivos, musicais e literários. A cultura, ressalta ela, foi a forma encontrada pelos ativistas do movimento negro de recontar a história do país, mostrando a importante participação dos povos africanos.

A Barra Funda, explica a pesquisadora, era uma região que reunia moradores pobres e de classe média, e das mais diversas origens. A proximidade, no entanto, não amenizava o racismo. "Existia uma discriminação muito forte na cidade inteira. Então, apesar de negros e brancos serem vizinhos, dividirem trabalho, ruas etc, havia essa barreira que os obrigava a criarem seus próprios núcleos."

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Arquivo/Estadão Conteúdo 1900
O desenvolvimento da Barra Funda e o início da A.A.S.G.

A Barra Funda, segundo o livro da coleção História dos Bairros de São Paulo, lançada pela prefeitura paulistana, teve sua origem na Chácara do Carvalho, que pertencia ao Barão do Iguape, avô materno do Conselheiro Antônio Prado, que começou a se desfazer do latifúndio aos poucos, à medida que a capital se desenvolvia. "Esta propriedade transformou-se na praça Marechal Deodoro e nas ruas Brigadeiro Galvão, Barra Funda e Vitorino Carmilo."

A história da Barra Funda (Reprodução)

A história da Barra Funda

Reprodução

A obra mostra que as áreas planas da cidade, até então desertas, só começaram a ser ocupadas com a chegada das estradas de ferro. "As indústrias instalaram-se ao longo dessas ferrovias e, conseqüentemente, acompanharam-nas os bairros operários, dentre eles o da Barra Funda. As residências burguesas ou médias instalaram-se nos pontos mais altos e confundiram-se com o centro comercial."

O professor de História da UFS (Universidade Federal de Sergipe) Petrônio Domingues, responsável por levantar as principais informações conhecidas sobre o São Geraldo, comenta  que o campo de treinamento das primeiras equipes ficava na plana Rua Tupi, mas o lote foi desalojado para a construção da Avenida Pacaembu, uma das principais vias da zona oeste de São Paulo.

Ele observa ainda que a Barra Funda tinha alta concentração de pessoas negras por dois motivos: porque a região era um entreposto do litoral para o interior, em razão da via férrea, e porque várias mulheres trabalhavam como empregadas domésticas na região dos Campos Eliseos, bairro nobre logo ao lado. 

Ele esclarece, no entanto, que essa população, apesar de numerosa, jamais alcançou a maioria na Barra Funda ou no restante da cidade. "Os negros sempre foram uma pequena parte dos moradores de São Paulo. Nesse período do auge da migraçao, era uma desproporção enorme. Não chegavam a 20%."

Avenida Pacaembu: início da obra desalojou o São Geraldo (Arquivo/Estadão Conteúdo 10/10/1958)

Avenida Pacaembu: início da obra desalojou o São Geraldo

Arquivo/Estadão Conteúdo 10/10/1958

Domingues conta que a “população de cor”, como era chamada na imprensa, tinha como passatempo batuques em torno dos botequins da Alameda Glette (hoje no bairro Santa Cecília), rodas de samba, "jogos de pernada, umbigada e tiririca (espécie de capoeira) no Largo da Banana", local considerado o berço do samba paulista e no qual está hoje o Museu da América Latina, na Barra Funda.

Artigos acadêmicos afirmavam que o São Geraldo foi formado pelos "valentões" da Alameda Glette, região próxima à linha férrea e na qual os moradores seriam briguentos e tinham, entre suas funções, a segurança de bailes e outros eventos. Trabalhos mais recentes, no entanto, questionam essa tese, que seria fruto muito mais de um esteótipo da força e da educação atribuída à raça negra do que de provas documentais.

No artigo acadêmico O campeão do Centenário: raça e nação no futebol paulista, Petrônio Domingues lamenta a falta de dados sobre o clube da Barra Funda, mas lista o (bastante) que descobriu.

"O São Geraldo foi fundado no dia 1º de novembro de 1917 por um grupo de negros: Silvério Pereira, Rufino dos Santos, Felisbino Barbosa, Horácio da Cunha, Benedito Costa e Benedito Prestes. Inicialmente, ele contava com dois esportes: futebol e atletismo."

"Sua sede foi instalada na Rua Barra Funda, mais tarde transferida para a Rua Florêncio de Abreu. Aos poucos seu time de futebol, cujo uniforme ostentava as cores preto e branco, foi se estruturando até se filiar à Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos) – a entidade esportiva encarregada de organizar o futebol no Estado – e disputar o campeonato da chamada Divisão Municipal, a qual reunia uma série de clubes de várzea."

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Arquivo/Estadão Conteúdo - 01/01/1900

O professor da UFS diz que o título de 1922 assumiu um significado que ia além do desportivo para os descendentes negros de São Paulo, dando visibilidade e provando o valor desse grupo em um período no qual a segregação era uma realidade evidente no Brasil.

Ativismo nas páginas impressas

A pesquisadora Renata Monteiro analisa que a imprensa negra soube aproveitar a conquista do São Geraldo de 22 e a eferverescência cultural da região para valorizar seus leitores. 

"A Barra Funda emerge nas páginas dedicadas aos eventos sociais das instituições sediadas no bairro. Entre essas, destacam-se as realizações do Grupo Barra Funda e do São Geraldo, que iam além, respectivamente, dos desfiles carnavalescos e dos torneios de futebol. Nesses registros, apareciam negros ilustres – 'lordes', 'senhores', 'rapazes', 'senhoras' e 'senhorinhas' e 'moças' que 'engrandeciam' e 'abrilhantavam' São Paulo, em uma representação diametralmente oposta àquela da imprensa cotidiana. Se nesta, 'pretos' e 'pardos' emergiam como negação, da 'ordem' ou da própria vida, os periódicos negros faziam a operação inversa, valorizando suas criações, em uma narrativa de celebração do progresso paulistano à luz das contribuições negras.'

O jornal Progresso, de 26 de setembro de 1929, opinava que a “Associação Atlética São Geraldo é uma das agremiações de homens pretos que, no esporte, tem sabido não só na capital, como em todo o estado, honrar sobremaneira o nome do negro brasileiro”.

Segundo A Voz da Raça, de 25 de março de 1933, o time ganhou destaque por causa da qualidade de seus jogadores. "Zelão, Tita, Africano, Filipão, Olavo, Caçaróia, Pé, Buiú, Alfredo, Goiabada, Bizerrão, Caetano, Vaca Braba, Bode, Hilário foram alguns dos jogadores que vestiram a camisa do clube." 

Em 26 de julho, o Clarim d'Alvorada afirmou que “o São Geraldo é um clube que honra a coletividade negra no futebol paulista”.

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Arte/R7
Provas do preconceito

No livro Negros e Brancos em São Paulo (1888 a 1988), o historiador George Reid Andrews afirma que a segregação dos times de São Paulo começou a enfraquecer somente na década de 1930. "Entretanto, mesmo nesta ocasião ainda era vetada aos afro-brasileiros a condição de sócios nas organizações brancas. (...) Em vez disso, eram admitidos como empregados pagos, sem nenhum dos direitos dos sócios."

O preconceito que justificou sua criação também se notou em outros episódios da trajetória do São Geraldo, clube que ficou vários anos inativo por ser excluído de competições oficiais do futebol estadual. 

Em seu exemplar de 22 de junho de 1926, A Gazeta traz um indício de que para o time barrafundense o caminho era sempre mais sofrido.

"No último jogo verificado na Portuguesa de Esportes, entre as esquadras da disciplinada Associação Athletica São Geraldo e Estrella de Ouro, os jogadores desta pintaram o caneco em campo, promoveram distúrbios, agrediram os adversários leais, maltratando o juiz. 

Este, mais o representante da Apea, naturalmente fizeram o relatório do que foi o jogo... à sua moda.

E, pasmem os leitores: a Comissão de Justiça, na sua última reunião, muito acertadamente, de acordo com a politicagem que reina lá dentro, resolveu suspender por dois jogos Alfredo Pereira e João Baptista de Arruda, porque esses rapazes do São Geraldo foram agredidos pelos contrários...

O São Geraldo é um clube de homens de cor, mas que honra o nosso futebol pela educação de seus jogadores. 

Os membros da Comissão de Justiça são brancos.

Foi, pois, uma questão de solidariedade com o Estrella. Preconceitos de cor, talvez." 

Eu sua trajetória, o São Geraldo tentou em vão disputar as principais competições tanto da Apea quanto da LAF, entidades que brigavam pela organização dos primeiros campeonatos paulistas. Por algum motivo nunca escancarado, o bom futebol e os títulos nunca o credenciaram para a elite do esporte estadual.

Sucesso geraldino despertou interesse de grandes clubes

O antropólogo José Carlos Gomes da Silva, estudioso da literatura negra, diz que após a primeira impressão deixada pelo São Geraldo, vencendo e disputando de igual para igual competições com times brancos, os clubes grandes passaram a rever seus conceitos e a ver de forma diferente os atletas da equipe.

O ex-professor da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) chegou a entrevistar um personagem da Barra Funda da primeira metade do século passado, que deu detalhes sobre o São Geraldo, onde chegou a jogar. 

Raro registro de Zezinho da Casa Verde, no São Geraldo (Reprodução)

Raro registro de Zezinho da Casa Verde, no São Geraldo

Reprodução

"Zezinho da Casa Verde, um morador do bairro que vivenciara diferentes experiências elaboradas pelos negros. Havia trabalhado como chapa, residido
em porões, atuava como músico, fora membro do Cordão Carnavalesco Barra Funda, Fundador do Cordão Flor da Mocidade, compositor de sambas", apresentou-o José Carlos Gomes.

Nos anos de 1930, afirma o antropólogo, só a Portuguesa de Desportos, em São Paulo, tinha um jogador negro, o Carrapicho. Quando o São Geraldo ganhou fama e, vendo que no Rio de Janeiro era cada vez mais comum o uso desses atletas, os times paulistas começaram a contratá-los.

"Seu Zezinho dizia claramente que tinha sido o Corinthians que tinha acabado com o São Geraldo."

A imagem ao lado foi enviada por José Carlos Gomes. Ele a usou em sua dissertação de mestrado na Unicamp (Universidade de Campinas. Foi copiada do arquivo pessoal do ex-sambista conhecido também como Zeca da Casa Verde.

Petrônio Domingues encontrou um relato do ex-morador da região à publicação Evolução: Revista dos Homens Pretos de São Paulo, em 13 de maio de 1933.

"Na Barra Funda jogava aqui no São Geraldo. Negro não passava [para a primeira divisão do campeonato]. Então 'nóis desafiêmo' tudo quanto era time de São Paulo. Tudo, Paulistano, 'nós desafiava' todo mundo. Ninguém queria 'jogá com nóis'. Sabe quem foi que um dia descobriu o São Geraldo? O Corinthians, o Corinthians começou a 'passá' a mão nos negro devagarinho, tirou um, tirou outro e destruiu o São Geraldo. Mas o São Geraldo era 'prá sê' um time de primeira categoria."

Domingues afirma sem qualquer dúvida que a imagem de Zezinho ou Zeca, que ilustra esta reportagem, foi tirada no campo do São Geraldo, no único registro em imagem do clube que pôde ser encontrado.

Reportagem e edição: Marcos Rogério Lopes
Arte: Matheus Mercadante
Fotos: Arquivo/Estadão Conteúdo


Reportagem e edição: Marcos Rogério Lopes
Arte: Matheus Vigliar
Fotos: Arquivo/Estadão Conteúdo